Por Danilo Rocha, da Ascom/UFPE
Em tempos de grandes desastres ambientais, a procura por saídas menos agressivas ao homem e à natureza figuram como as mais viáveis na perspectiva do desenvolvimento. Seguindo essa tendência, o professor do Departamento de Química Fundamental da UFPE, Manfred Schwartz, coordenou a pesquisa “Produção de materiais a partir de barro e/ou argila modificados”. Tal como já é feito em alguns países europeus, a proposta é modificar as características da argila para obter um material mais resistente, com melhor qualidade e que não consuma mais tanta energia.
As atividades surgiram no pólo gesseiro de Araripina, em que foi preciso remover a argila numa espessura de aproximadamente 15 metros acima da gipsita, rocha matriz do material. Para ajudar a atividade econômica da região e seu desenvolvimento sustentável, o projeto consiste em obter a resistência mecânica do tijolo com uma temperatura abaixo da normal. Costumeiramente, é preciso que o forno esteja em uma temperatura de 1000ºC. Entretanto, como não há mais lenha naquela região, o desafio era procurar outras formas de aquecer os fornos.
De acordo com Manfred, a argila que dá forma aos tijolos requer bastante energia para concretizar a sua forma devido à grande quantidade de ferro na sua composição química. Na indústria cerâmica, há o grande problema da única utilização da lenha como aquecedor dos fornos, justificando a necessidade de se chegar a um material com boa resistência mecânica e consumindo por volta de 600 graus.
Os pesquisadores do projeto conseguiram mudar as características da argila e conferiram aos tijolos uma grande resistência, o que, por sua vez, elevou seu preço e legou aos estudiosos o paradoxo entre um material melhor, com menos energia consumida, entretanto mais caro devido à fonte de energia utilizada. A obrigação de pensar em diminuir o custo energético e a degradação ambiental levou os pesquisadores a adotar posturas que coroaram o bem-sucedido projeto, ao se prover o aquecimento dos fornos com energia eólica e solar. Segundo Manfred, a falta de lenha em todos os lugares é um agravante. “Por isso percebemos agora que esse trabalho adquire uma relevância inquestionável, além de alertar que as energias solar e eólica não são empregadas somente na rede elétrica”, atesta o professor. Após a constatação, os custos financeiros obtiveram considerável possibilidade de redução, pois as alternativas evitariam o uso de materiais tão caros e dispensaria o corte de mais lenhas. A equipe da pesquisa construiu fornos alternativos, como os de cerâmica, e iniciou o processo de viabilização das energias menos dispendiosas. Lembrando o processo de pesquisa, o professor Manfred declarou que o primeiro passo da modificação é tecnicamente perfeito e foi essencial a alternativa de outras energias para diminuir custo.
PROCEDIMENTOS - O barro é uma mistura de minérios, areia e argila. A falta dos dois primeiros componentes fornece ao barro aquele estado escorregadio, de onde se obtém a argila pura. A argila é formada por camadas, as quais deslizam em cima das outras ao se acrescentar água, e proporcionam esse efeito escorregadio no material. Os pesquisadores adicionam um modificador, em pequena quantidade, uma espécie de Polímero em Água, ocorrendo a chamada Dispersão Polimérica na composição química da argila, minérios e areia, o que os torna mais homogêneos, menos suscetíveis aos impactos da construção e despendendo menos energia. A equipe do professor Manfred concluiu que a massa normal é muito dura, e com esse trabalho a homogeneidade facilita o trabalho de produção e na construção civil.
A conclusão dos pesquisadores também afirma que a massa mais dura inspira maior cuidado em relação à sua qualidade. Dessa maneira, o estado pós-modificação provocou a homogeneidade do produto exigindo menos calor para que ele seja aquecido, e somando resultados. “Ficamos felizes, pois é tecnicamente perfeito. Foram feitos testes laboratoriais e industriais e os resultados foram satisfatórios”. Com essa modificação, a indústria tem a possibilidade de produzir tijolos uniformes, e mais persistentes às adversidades de clima, tempo e da própria estrutura da construção. Portanto, o processo não somente abaixou a temperatura como forneceu melhoria mecânica ao tijolo. Outra boa notícia da pesquisa foi a larga utilidade do projeto, que não se aplica somente à argila do Araripe. Foram feitos testes na construção civil da Paraíba e provou-se o uso dos tijolos em quaisquer terrenos, além de não se limitar a tijolos e estender-se às outras áreas, como cerâmicas.
Os benefícios de um tijolo mais resistente, mais barato e ecologicamente correto são inúmeros, desde os impactos econômicos até os ambientais. A pesquisa favorece a ascendência da construção civil e acréscimo de mão-de-obra no mercado “com um preço justo e tijolo de qualidade”. Não eximindo a sociedade, o projeto viabiliza tijolos com boa durabilidade, evitando que casas de pessoas pobres sucumbam facilmente, priorizando a construção de habitações baratas e com materiais de única compra.
Finalmente, o uso de menos lenha e menos argila - por causa da sua homogeneidade – pouparia o meio ambiente de sérios danos no futuro e as novas formas de energia diminuem a liberação de CO2 em conjunto com ações de reflorestamento. Contudo, o professor Manfred lamenta que a técnica não seja tão utilizada ao mesmo tempo em que se espalham os efeitos dos problemas ambientais. “Essas secas na Amazônia cada vez mais estranhas, os intensos furacões no Atlântico Norte, são efeitos do descaso com o meio ambiente, que a cada dia tem menos árvores para captar CO2”.
PARADIGMAS – Aproveitando o grande potencial eólico do litoral brasileiro, o professor Manfred e o professor Belarmino Lira, da UFPB, construíram uma pequena usina eólica para incentivar a prática da pesquisa e convidam empresários e sociedade a conhecer e comprovar o quanto é viável para todos. Ainda segundo Manfred, o projeto tem totais condições de ser usado em escala industrial e ilustrar os avanços em diversas áreas do País. “Para isso é preciso quebrar paradigmas, é preciso mudar pensamento. Por isso temos que publicar as vantagens ambientais e econômicas devido aos avanços tecnológicos, redução de custo, melhoria da qualidade de vida e um ambiente mais agradável”.
Em tempos de grandes desastres ambientais, a procura por saídas menos agressivas ao homem e à natureza figuram como as mais viáveis na perspectiva do desenvolvimento. Seguindo essa tendência, o professor do Departamento de Química Fundamental da UFPE, Manfred Schwartz, coordenou a pesquisa “Produção de materiais a partir de barro e/ou argila modificados”. Tal como já é feito em alguns países europeus, a proposta é modificar as características da argila para obter um material mais resistente, com melhor qualidade e que não consuma mais tanta energia.
As atividades surgiram no pólo gesseiro de Araripina, em que foi preciso remover a argila numa espessura de aproximadamente 15 metros acima da gipsita, rocha matriz do material. Para ajudar a atividade econômica da região e seu desenvolvimento sustentável, o projeto consiste em obter a resistência mecânica do tijolo com uma temperatura abaixo da normal. Costumeiramente, é preciso que o forno esteja em uma temperatura de 1000ºC. Entretanto, como não há mais lenha naquela região, o desafio era procurar outras formas de aquecer os fornos.
De acordo com Manfred, a argila que dá forma aos tijolos requer bastante energia para concretizar a sua forma devido à grande quantidade de ferro na sua composição química. Na indústria cerâmica, há o grande problema da única utilização da lenha como aquecedor dos fornos, justificando a necessidade de se chegar a um material com boa resistência mecânica e consumindo por volta de 600 graus.
Os pesquisadores do projeto conseguiram mudar as características da argila e conferiram aos tijolos uma grande resistência, o que, por sua vez, elevou seu preço e legou aos estudiosos o paradoxo entre um material melhor, com menos energia consumida, entretanto mais caro devido à fonte de energia utilizada. A obrigação de pensar em diminuir o custo energético e a degradação ambiental levou os pesquisadores a adotar posturas que coroaram o bem-sucedido projeto, ao se prover o aquecimento dos fornos com energia eólica e solar. Segundo Manfred, a falta de lenha em todos os lugares é um agravante. “Por isso percebemos agora que esse trabalho adquire uma relevância inquestionável, além de alertar que as energias solar e eólica não são empregadas somente na rede elétrica”, atesta o professor. Após a constatação, os custos financeiros obtiveram considerável possibilidade de redução, pois as alternativas evitariam o uso de materiais tão caros e dispensaria o corte de mais lenhas. A equipe da pesquisa construiu fornos alternativos, como os de cerâmica, e iniciou o processo de viabilização das energias menos dispendiosas. Lembrando o processo de pesquisa, o professor Manfred declarou que o primeiro passo da modificação é tecnicamente perfeito e foi essencial a alternativa de outras energias para diminuir custo.
PROCEDIMENTOS - O barro é uma mistura de minérios, areia e argila. A falta dos dois primeiros componentes fornece ao barro aquele estado escorregadio, de onde se obtém a argila pura. A argila é formada por camadas, as quais deslizam em cima das outras ao se acrescentar água, e proporcionam esse efeito escorregadio no material. Os pesquisadores adicionam um modificador, em pequena quantidade, uma espécie de Polímero em Água, ocorrendo a chamada Dispersão Polimérica na composição química da argila, minérios e areia, o que os torna mais homogêneos, menos suscetíveis aos impactos da construção e despendendo menos energia. A equipe do professor Manfred concluiu que a massa normal é muito dura, e com esse trabalho a homogeneidade facilita o trabalho de produção e na construção civil.
A conclusão dos pesquisadores também afirma que a massa mais dura inspira maior cuidado em relação à sua qualidade. Dessa maneira, o estado pós-modificação provocou a homogeneidade do produto exigindo menos calor para que ele seja aquecido, e somando resultados. “Ficamos felizes, pois é tecnicamente perfeito. Foram feitos testes laboratoriais e industriais e os resultados foram satisfatórios”. Com essa modificação, a indústria tem a possibilidade de produzir tijolos uniformes, e mais persistentes às adversidades de clima, tempo e da própria estrutura da construção. Portanto, o processo não somente abaixou a temperatura como forneceu melhoria mecânica ao tijolo. Outra boa notícia da pesquisa foi a larga utilidade do projeto, que não se aplica somente à argila do Araripe. Foram feitos testes na construção civil da Paraíba e provou-se o uso dos tijolos em quaisquer terrenos, além de não se limitar a tijolos e estender-se às outras áreas, como cerâmicas.
Os benefícios de um tijolo mais resistente, mais barato e ecologicamente correto são inúmeros, desde os impactos econômicos até os ambientais. A pesquisa favorece a ascendência da construção civil e acréscimo de mão-de-obra no mercado “com um preço justo e tijolo de qualidade”. Não eximindo a sociedade, o projeto viabiliza tijolos com boa durabilidade, evitando que casas de pessoas pobres sucumbam facilmente, priorizando a construção de habitações baratas e com materiais de única compra.
Finalmente, o uso de menos lenha e menos argila - por causa da sua homogeneidade – pouparia o meio ambiente de sérios danos no futuro e as novas formas de energia diminuem a liberação de CO2 em conjunto com ações de reflorestamento. Contudo, o professor Manfred lamenta que a técnica não seja tão utilizada ao mesmo tempo em que se espalham os efeitos dos problemas ambientais. “Essas secas na Amazônia cada vez mais estranhas, os intensos furacões no Atlântico Norte, são efeitos do descaso com o meio ambiente, que a cada dia tem menos árvores para captar CO2”.
PARADIGMAS – Aproveitando o grande potencial eólico do litoral brasileiro, o professor Manfred e o professor Belarmino Lira, da UFPB, construíram uma pequena usina eólica para incentivar a prática da pesquisa e convidam empresários e sociedade a conhecer e comprovar o quanto é viável para todos. Ainda segundo Manfred, o projeto tem totais condições de ser usado em escala industrial e ilustrar os avanços em diversas áreas do País. “Para isso é preciso quebrar paradigmas, é preciso mudar pensamento. Por isso temos que publicar as vantagens ambientais e econômicas devido aos avanços tecnológicos, redução de custo, melhoria da qualidade de vida e um ambiente mais agradável”.
Argila modificada produz tijolos mais baratos com menor uso de energia
31/10/2005
Por Danilo Rocha, da Ascom/UFPE
Em tempos de grandes desastres ambientais, a procura por saídas menos agressivas ao homem e à natureza figuram como as mais viáveis na perspectiva do desenvolvimento. Seguindo essa tendência, o professor do Departamento de Química Fundamental da UFPE, Manfred Schwartz, coordenou a pesquisa “Produção de materiais a partir de barro e/ou argila modificados”. Tal como já é feito em alguns países europeus, a proposta é modificar as características da argila para obter um material mais resistente, com melhor qualidade e que não consuma mais tanta energia.
As atividades surgiram no pólo gesseiro de Araripina, em que foi preciso remover a argila numa espessura de aproximadamente 15 metros acima da gipsita, rocha matriz do material. Para ajudar a atividade econômica da região e seu desenvolvimento sustentável, o projeto consiste em obter a resistência mecânica do tijolo com uma temperatura abaixo da normal. Costumeiramente, é preciso que o forno esteja em uma temperatura de 1000ºC. Entretanto, como não há mais lenha naquela região, o desafio era procurar outras formas de aquecer os fornos.
De acordo com Manfred, a argila que dá forma aos tijolos requer bastante energia para concretizar a sua forma devido à grande quantidade de ferro na sua composição química. Na indústria cerâmica, há o grande problema da única utilização da lenha como aquecedor dos fornos, justificando a necessidade de se chegar a um material com boa resistência mecânica e consumindo por volta de 600 graus.
Os pesquisadores do projeto conseguiram mudar as características da argila e conferiram aos tijolos uma grande resistência, o que, por sua vez, elevou seu preço e legou aos estudiosos o paradoxo entre um material melhor, com menos energia consumida, entretanto mais caro devido à fonte de energia utilizada. A obrigação de pensar em diminuir o custo energético e a degradação ambiental levou os pesquisadores a adotar posturas que coroaram o bem-sucedido projeto, ao se prover o aquecimento dos fornos com energia eólica e solar. Segundo Manfred, a falta de lenha em todos os lugares é um agravante. “Por isso percebemos agora que esse trabalho adquire uma relevância inquestionável, além de alertar que as energias solar e eólica não são empregadas somente na rede elétrica”, atesta o professor. Após a constatação, os custos financeiros obtiveram considerável possibilidade de redução, pois as alternativas evitariam o uso de materiais tão caros e dispensaria o corte de mais lenhas. A equipe da pesquisa construiu fornos alternativos, como os de cerâmica, e iniciou o processo de viabilização das energias menos dispendiosas. Lembrando o processo de pesquisa, o professor Manfred declarou que o primeiro passo da modificação é tecnicamente perfeito e foi essencial a alternativa de outras energias para diminuir custo.
PROCEDIMENTOS - O barro é uma mistura de minérios, areia e argila. A falta dos dois primeiros componentes fornece ao barro aquele estado escorregadio, de onde se obtém a argila pura. A argila é formada por camadas, as quais deslizam em cima das outras ao se acrescentar água, e proporcionam esse efeito escorregadio no material. Os pesquisadores adicionam um modificador, em pequena quantidade, uma espécie de Polímero em Água, ocorrendo a chamada Dispersão Polimérica na composição química da argila, minérios e areia, o que os torna mais homogêneos, menos suscetíveis aos impactos da construção e despendendo menos energia. A equipe do professor Manfred concluiu que a massa normal é muito dura, e com esse trabalho a homogeneidade facilita o trabalho de produção e na construção civil.
A conclusão dos pesquisadores também afirma que a massa mais dura inspira maior cuidado em relação à sua qualidade. Dessa maneira, o estado pós-modificação provocou a homogeneidade do produto exigindo menos calor para que ele seja aquecido, e somando resultados. “Ficamos felizes, pois é tecnicamente perfeito. Foram feitos testes laboratoriais e industriais e os resultados foram satisfatórios”. Com essa modificação, a indústria tem a possibilidade de produzir tijolos uniformes, e mais persistentes às adversidades de clima, tempo e da própria estrutura da construção. Portanto, o processo não somente abaixou a temperatura como forneceu melhoria mecânica ao tijolo. Outra boa notícia da pesquisa foi a larga utilidade do projeto, que não se aplica somente à argila do Araripe. Foram feitos testes na construção civil da Paraíba e provou-se o uso dos tijolos em quaisquer terrenos, além de não se limitar a tijolos e estender-se às outras áreas, como cerâmicas.
Os benefícios de um tijolo mais resistente, mais barato e ecologicamente correto são inúmeros, desde os impactos econômicos até os ambientais. A pesquisa favorece a ascendência da construção civil e acréscimo de mão-de-obra no mercado “com um preço justo e tijolo de qualidade”. Não eximindo a sociedade, o projeto viabiliza tijolos com boa durabilidade, evitando que casas de pessoas pobres sucumbam facilmente, priorizando a construção de habitações baratas e com materiais de única compra.
Finalmente, o uso de menos lenha e menos argila - por causa da sua homogeneidade – pouparia o meio ambiente de sérios danos no futuro e as novas formas de energia diminuem a liberação de CO2 em conjunto com ações de reflorestamento. Contudo, o professor Manfred lamenta que a técnica não seja tão utilizada ao mesmo tempo em que se espalham os efeitos dos problemas ambientais. “Essas secas na Amazônia cada vez mais estranhas, os intensos furacões no Atlântico Norte, são efeitos do descaso com o meio ambiente, que a cada dia tem menos árvores para captar CO2”.
PARADIGMAS – Aproveitando o grande potencial eólico do litoral brasileiro, o professor Manfred e o professor Belarmino Lira, da UFPB, construíram uma pequena usina eólica para incentivar a prática da pesquisa e convidam empresários e sociedade a conhecer e comprovar o quanto é viável para todos. Ainda segundo Manfred, o projeto tem totais condições de ser usado em escala industrial e ilustrar os avanços em diversas áreas do País. “Para isso é preciso quebrar paradigmas, é preciso mudar pensamento. Por isso temos que publicar as vantagens ambientais e econômicas devido aos avanços tecnológicos, redução de custo, melhoria da qualidade de vida e um ambiente mais agradável”.
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