segunda-feira, 18 de junho de 2007

O que é Arquitetura sustentável?


Por Arq. Iberê M. Campos
Além da necessidade de atrair os consumidores, a atitude reflete um movimento que cresce ano a ano, o de consciência sobre a necessidade de preservação do ambiente natural. Sabe-se que não há como construir sem causar impacto, mas sempre é possível reduzir os danos e, quando estes forem inevitáveis, pode-se pensar numa compensação. É a partir deste pensamento que surge o conceito da arquitetura sustentável, com suas várias tendências. Mas não se pode confundir arquitetura sustentável com bioclimática ou ecologia, são ciências correlatas mas diferentes. O apelo ecológico vem norteando diversos projetos arquitetônicos, tanto em empreendimentos residenciais quanto comerciais e industriais. Além de uma legítima preocupação com o meio ambiente e a diminuição do consumo de energia, a preocupação tem também um lado puramente comercial por ser “politicamente correto”. Assim, o mercado oferece desde tintas a base de água -- não tão ecológicas assim, segundo os especialistas -- até fios que não provocam fumaça tóxica, passando por vasos sanitários econômicos e sistemas alternativos tratamento de água e de de geração de energia. Atualmente, entende-se arquitetura sustentável como um conjunto de tecnologias que envolvem coisas tão aparentemente distintas como a engenharia civil e filosofia. Para quem se lembra, a arquietura sustentável é uma vertente da idéia expressa em 1987 no Informe Brundtland, onde se prega o uso dos recursos disponíveis na natureza para atender as necessidades de sobrevivência do Homem mas, ao mesmo tempo, preservando o planeta para gerações futuras, com atitudes sustentadas por um tripé – as soluções devem ser socialmente justas, ecologicamente corretas e economicamente viáveis. O custo das opções adotadas no projeto e na construção propriamente dita pode variar muito, indo de zero a milhões. Depende do nível de informação, de conhecimento e da disposição de quem está projetando e construindo. Neste contexto, o trabalho do arquiteto é importante pois ajuda a reunir informações que podem estar pulverizadas entre várias especialidades mas que precisam trabalhar em conjunto e, para tanto, precisam ser previstas antes da obra começar. Só para exemplificar, o Projeto Casateliê do Arquiteto Bruno Padovano (fotos acima e ao lado) é uma demonstração de projeto feito deste o começo com a idéia de sustentabilidade. O conceito de sustentabilidade pode (e deve) estar presente em todas as etapas de uma edificação, desde o projeto até seu uso diário, passando pela construção propriamente dita que deve usar métodos e materiais que não comprometam o meio ambiente, tanto do local da obra propriamente dito quanto dos locais de onde os materiais foram extraídos, beneficiados ou fabricados. Obra sustentável sem muito gasto Os defensores da arquitetura sustentável garantem que é possível aderir ao movimento sem gastar fortunas na busca de materiais ditos "ecológicos", ou ter que se aventurar usando materiais alternativos. Para tanto, existem algumas recomendações básicas como, por exemplo: Fundação e estrutura – Usar cimento tipo CP-3 RS32 ao invés do CP-2. Além do CP-3 ser algo como 15% mais barato, sua composição usa entre 35% a 70% de escória da siderurgia, ou seja, resíduos do processo de produção do aço. O CP-3 é mais resistente à ação de substâncias ácidas, sendo portanto indicado para construções nas regiões litorâneas. A fabricação do CP-3 permite economia no consumo de calcário e uma menor a emissão de gás CO2. Argamassa -- Usar cal posolânica na massas de assentamento e de reboque. Este tipo de cal tem 70% de rocha mineral finamente moída em sua composição, o que dispensa o processo de queima no processo de produção, economizando água. Para assentamento de alvenaria, o traço da mistura fica mais econômico - 1 parte de cimento para duas de cal posolânica e 8 de areia. Para o reboco, diminuir a quantidade de areia para 6 partes. Paredes – Devemos preferir materiais a base de terra. Eles permitem melhor “respiração” das paredes, muito melhor do que aquelas feitas com blocos de concreto. O ideal é usar tijolos de solo-cimento que, dependendo do modelo, podem até dispensar a argamassa no assentamento. Este tijolo não precisa usar fogo para ser produzido, e já vem com orifícios para passagem da fiação elétrica e da rede hidráulica. Se não for possível usar solo-cimento, podemos usar, por ordem de preferência, o tijolo de barro cozido, bloco cerâmico e, por último, o de concreto. Esquadrias – Você já deve ter adivinhado -- devemos preferir as de madeira. Para aumentar a durabilidade, usar madeiras de densidade alta ou média. O consumo de energia para fabricar uma esquadria de madeira chega a ser 5 mil vezes menor do que as de alumínio e, de quebra, melhora o conforto térmico da construção. Entretanto, é preciso um tratamento adequado para impedir a degradação da esquadria. Uma solução caseira consiste em passar duas demãos de óleo de linhaça nas que ficarão expostas ao meio ambiente e, se a solução arquitetônica estiver prevendo pintura, usar esmalte sintético a base de água. Revestimentos - Preferir produtos à base de água, pois agridem menos o meio ambiente, a camada de ozônio, o profissional que vai aplicar o revestimento e, claro, também o morador... Hoje há diversas tintas à base de água e também existem vernizes, colas de contato e resinas. Usar esmaltes sintéticos à base de água também para pintar metais e batentes. Para pisos e nas paredes do banheiro e da cozinha deve-se preferir cerâmicas e azulejos com o certificado ISO 14001, o que significa que o fabricante adota medidas de controle sobre o sistema produtivo de forma a ter menos impacto ecológico. Se possível, prefira usar madeira ao invés de cerâmicas nos pisos. Cobertura - Preferência para telha simples, de barro queimado, ao invés das esmaltadas. A aparência pode não ser exatamente a que se espera de uma construção fina, mas o arquiteto pode tirar proveito de sua aparência mais rústica.

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